Cidade do Panamá, de volta ao nosso motorhome ileso !

Depois de despacharmos o nosso motorhome via porto de Cartagena, voamos para o Panamá onde iríamos retirar nosso carro, mas precisamente no porto de Colón, município vizinho à cidade do Panamá. O casal americano James e Dale nos indicou uma espécie de Hostal na cidade do Panamá e foi muito bom se hospedar no lugar. Chama-se Panama Passage e está localizado numa área tranquila da cidade, o bairro de Ancon. O interessante é que a pousada é ponto de passagem da maioria dos aventureiros que estão cruzando as Américas de carro, moto ou motorhome. Christian, francês simpático e proprietário do Hostal, é um legítimo aventureiro, com muitas viagens pela África e também nas Américas, conhece bem o espírito dos viajantes. O local é uma casa com quartos e todas as facilidades de lavandeira, cozinha e internet. A biblioteca formada por livros deixados pelos aventureiros também é uma atração a parte. Se hospedar num hotel também é fácil, a cidade oferece muitas opções e com mais conforto, mas as histórias e as dicas que você ouve no Panamá Passage você jamais irá ouvir no hotel. Foi lá que conhecemos o alegre casal australiano Carlos e Sandy, cruzando as Américas numa Land Rover australiana, com volante do lado direito. Posso garantir que se hospedar no Panama Passage é muito divertido e super agradável.

      

      

Voltando ao envio, através dos sites da companhia marítima e do porto, pudemos checar a data de chegada da embarcação onde estava o nosso veículo. Considerando que seriam apenas 18 horas de navegação, quando pousamos no Panamá o nosso motorhome já deveria estar lá. Entramos na internet e constatamos que o navio chegou à data e horário previstos, ficamos aliviados.  Esta situação não é tão comum quanto parece, as empresas de marinha mercante às vezes alteram seu roteiro sem aviso prévio e os viajantes entram em desespero. Foi o que aconteceu com o casal australiano que enviou sua Land Rover por outra companhia no mesmo dia que o nosso. O veículo foi enviado dentro de um container e após uma semana de atraso o navio ainda estava em outro porto. Em vez de parar no Panamá, ele seguiu para o porto de Limon, na Costa Rica e só depois retornou à Colón. Nossos amigos já estavam desolados sem saber o paradeiro da Land Rover. No dia seguinte a nossa chegada, fui ao terminal Albrook e entrei num ônibus para Colón. Chegando ao terminal da cidade peguei um taxi até o porto de Manzanillo, pois há mais de um porto na cidade, é bom verificar para onde seu veículo foi enviado. Tendo em mente que a cidade é perigosa e cheia de “ratas”, nome dado aos trombadinhas neste país, não é aconselhável andar a pé e os taxis são baratos. Como optei pela retirada do veículo sem a utilização de agentes, fui atrás de toda documentação necessária.

      

       

                

O processo é relativamente simples, o complicado é o vai-e-vem de um prédio ao outro, pagando taxas, apresentando documentos e andando bastante. Como não seria possível retirar o motorhome naquele dia, pois os trâmites de documentos são demorados, deixei tudo organizado para o dia seguinte. Mais uma vez pegamos o ônibus no terminal e depois de 1 hora e meia chegamos à Colón.  Já com toda a documentação em mãos fui passando pelas etapas e depois de 5 horas estávamos dentro do nosso motorhome e extremamente aliviados, pois nosso veículo chegou intacto, sem qualquer dano ou furto. Tenho certeza que isto se deve a porta interna que colocamos no interior do motorhome, separando a casa do carro, assim os funcionários do porto não têm acesso à parte de trás. Já soubemos de alguns motorhomes que tiveram objetos furtados no seu interior, situação lamentável considerando o valor cobrado pelas empresas para este transporte. Depois de tudo resolvido, entramos na autopista rumo a cidade do Panamá e iniciamos nossa visita. O maior atrativo é sem dúvida o extraordinário canal, uma visita obrigatória para quem está na cidade. O Canal do Panamá tem 82 quilômetros de extensão que e corta o istmo do país,a porção de terra mais estreita, ligando o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico. Para transpor o desnível entre os oceanos, foram construídos sistemas de eclusas.

       

       

       

 A travessia do Canal é feita por três comportas, onde a água funciona como uma espécie de elevador. Vindo do Atlântico, por exemplo, o navio entra na comporta, com a água no mesmo nível do oceano. As eclusas são fechadas e as válvulas de enchimento são abertas. A água entra através de poços do piso, elevando o navio 26 metros, até o nível do Lago de Gatún. As válvulas são fechadas novamente e os portões superiores abertos. O navio sai da comporta para o lago. E segue para as outras comportas, onde acontece o processo inverso de descida até o nível do oceano Pacífico. As portas das eclusas são maciças e de aço, sendo as eclusas triplas no lago de Gatún com 140 metros de altura e pesam 745 toneladas cada uma, mas são tão bem contrabalançadas que um motor de 56 kW é suficiente para abri-las. O lago Gatún está à 26 metros acima do nível do mar, é alimentado pelo rio Chagres, onde foi construída uma barragem para a formação do lago. Do lago Gatún, o canal passa pela falha de Gaillard e desce em direção ao Pacífico, primeiramente através de um conjunto de eclusas em Pedro Miguel, no lago Miraflores, a 16,5 metros acima do nível do mar, e depois, através de um conjunto duplo de eclusas em Miraflores. Todas as eclusas do canal são duplas, assim as embarcações podem passar  nos dois sentidos simultaneamente. Os navios são dirigidos no interior das eclusas por pequenas máquinas ferroviárias para não se chocarem com as paredes laterais das eclusas.

        

       

A travessia leva de 16 a 20 horas e apesar da alta taxa de pedágio, cerca de US$ 28 mil, o tráfego é intenso, em 1993 cerca de 12,257 mil navios utilizaram a passagem.  Só para se ter uma idéia, as receitas geradas pelos tributos sobre a carga transportada representam 25% das riquezas do país. Vendo este processo de transposição do canal nos dias de hoje, parece que tudo foi muito simples mas não foi bem assim, várias tentativas de ligação dos oceanos ocorreram no passado e ceifou milhares de vidas. Durante os 10 anos de sua construção, de 1903 à 1913, muitos engenheiros passaram pela obra, alguns morreram das doenças tropicais e outros se demitiram pela dificuldade da construção. O maior trunfo dos Estados Unidos ocorreu em 1905 com a erradicação do mosquito transmissor da febre amarela, que havia vitimado cerca de vinte mil trabalhadores franceses. Conhecendo toda a história do canal ficamos ainda mais impressionados com a magnitude desta obra de engenharia e ver ao vivo os navios cruzando o canal foi fascinante, uma experiência inesquecível.  Voltando a cidade do Panamá, é notória a forte influência deixada pelos americanos no país, a começar pelo esporte, o mais praticado pelos panamenhos é o basebol. Andando por bairros distantes do centro observamos casas sem muros ou grades, com imensos jardins, escolas e edifícios antigos todos com características que lembram cidades norte-americanas. Outra grande herança dos americanos foi à vinda de ônibus escolares, centenas deles trafegam pelas ruas e estradas transportando panamenhos. Muitos ônibus não têm mais aquela cor laranja tradicional, foram remodelados com cores vivas e alguns parecem carros alegóricos de tantas cores e adereços.

       

       

      

 Alguns locais são obrigatórios como o centro antigo, conhecido no passado como San Felipe é atualmente chamado de Casco Viejo. Vale a visita, mas ainda há muito trabalho por fazer, alguns prédios estão em ruínas, outros abandonados, em alguns locais há sujeiras, bueiros sem tampas, muito cuidado quando caminhar pelas ruas. Em compensação os prédios já restaurados são realmente charmosos e interessantes.  As ruas são estreitas, com arquiteturas espanhola, italiana e francesa do século 19, praças e calçadão a beira-mar. Existem bom hotéis e restaurantes com ótima comida, nas partes já revitalizadas. Com toda sua importância, o Casco Viejo foi declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO, em 1997.

      

     

     

 Em outra parte da cidade está Panamá Viejo, uma região que guarda as ruínas da mais antiga capital das Américas. Numa grande área, visitantes encontram edifícios aos pedaços e conectados por passagens com sinais em inglês e espanhol. A área tem um parque com pistas de corrida, além de uma das panorâmicas mais bonitas da cidade do Panamá. Na Avenida Balboa há um grande calçadão com seguranças e policiais, seguro e agradável caminhar no período da tarde e curtir as cores do entardecer se mesclando com a iluminação dos prédios do centro comercial.

      

      

As paisagens com os reflexos do sol são espetaculares, difícil dizer onde é mais bonito. Como não se encantar com a Arquitetura do “tornillo”, uma edificação comercial moderna em formato espiral que chama a atenção dos turistas. Com o crescente número de shoppings internacionais, de centros bancários e edifícios sendo construídos nos últimos anos, a cidade vem sendo chamada de “Dubai Latina” devido e seu notável crescimento. Permanecemos alguns dias na capital panamenha, nos despedimos dos novos amigos aventureiros do Panama Pasage e seguimos para um destino no litoral do Pacífico, a praia de Santa Catalina. 

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Category : Diário de Bordo

4 Comentários → “Cidade do Panamá, de volta ao nosso motorhome ileso !”


  1. Vera Antunes

    13 Anos ago

    Olá, posso dizer que quando eu li sobre o Panamá cairam alguns pre-conceitos e algumas imagens que eu tinha da cidade !!

    Me sinto viajando com vocês !!!

    Beijos

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    • eduardo

      13 Anos ago

      Valeu Vera, realmente em nossa passagem por estes países poucos conhecidos dos brasileiros vamos esclarecendo comentários e reportagens feitas no passado. Beijo grande.

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  2. Luciano

    13 Anos ago

    Muito legal a viagem, parabéns pela iniciativa, sem dúvida é uma oportunidade única. Restando 109 dias será que vai dar tempo de retornar ao Brasil no prazo previsto ?

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  3. Sérgio Senna

    13 Anos ago

    Bom dia meus amigos que seus corações estejam sempre em sintonia com Deus, muita fé e paz.
    Continuo aqui de carona com vocês e agradeço a Deus por ter ganho mais dois irmãos na caminha da vida.
    Que continuem tendo uma ótima viagem, pois os contratempos são espinhos que beliscam, porém não tiram a beleza das flores que vamos colhendo em nossa passagem pelo belíssimo jardim chamado TERRA…
    Fiquem na paz de Cristo…

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