Dos encantos de Santiago a caminho da aridez de Antofagasta

Após a passagem por Pucon, chegou a hora de conhecer a bela capital chilena. As estradas que seguem para Santiago são amplas e com ótimo asfalto e por toda extensão encontramos além de vulcões, postos de combustíveis que oferecem bons serviços. O melhor deles, sem dúvida, é da rede COPEC, presente em quase todo o território chileno e com um ótimo serviço, especialmente os postos com o símbolo COPEC Pronto.  Nestes postos é possível obter água para o motorhome, boa comida e dormir com segurança e tranqüilidade. Outra grande vantagem é o sinal WiFi gratuito, o que ajuda bastante os viajantes. Continuamos em direção a Santiago e em poucas horas estávamos bem no centro da cidade. Com um trânsito relativamente organizado, fomos em busca de um lugar seguro para o motorhome e a dica é o famoso Shopping Arauco, onde há vigilância permanente.

          

De lá mesmo embarcamos num ônibus turístico tipo double deck para conhecer os atrativos da cidade. A vantagem deste transporte como acontece em outras capitais, você pode descer em um atrativo e depois subir para o ônibus novamente. Foi muito bom, pois pudemos conhecer os principais pontos da cidade tranqüilos e sem stress. Constantemente em disputa com a cidade de Buenos Aires, na Argentina, a capital chilena ganha em modernidade, mas perde em charme. Nada se compara a show de tango na capital portenha e as carnes tenras e macias dos argentinos. Santiago é rodeada pela cordilheira dos Andes e cresceu sobre a influência de algumas populações indígenas chilenas e também de culturas européias. Seu início ocorreu em 12 de fevereiro de 1541, quando o conquistador Pedro de Valdívia fundou a cidade. No início do século XX a população era de 300 mil habitantes, nas décadas de 50 e 60 passou para 2 milhões e atualmente a população atingiu 6,5 milhões, praticamente 40 % da população chilena. Voltando ao tour turístico, iniciamos o passeio percorrendo ruas como a Alonso de Córdova, uma das zonas residenciais mais exclusivas da cidade e também onde se encontram lojas de grifes famosas. Em seguida pelo Pátio e o bairro Bella Vista, um dos pólos culturais de Santiago, onde é possível comprar artigos com a pedra azul semipreciosa, que são extraídas somente no Chile e Afeganistão. 

             

          

Seguimos nosso tour e passamos pela conhecida Plaza de Armas, o verdadeiro coração da cidade. É interessante que em praticamente todas as cidades do Chile há uma “Plaza de Armas”, a explicação para isto é devido aos espanhóis que estabeleciam cidades e partir destes pontos faziam seus planos quadriculados. A partir da praça, vários outros pontos de interesse são facilmente avistados em pequenas caminhadas. Nesta região se encontra a Catedral Metropolitana, o prédio do Correio Central, a Prefeitura, entre outros.  Um pouco mais adiante também se encontra o suntuoso Palácio de La Moneda, sede do governo chileno. A razão do nome é que inicialmente a edificação foi projetada para ser a Real Casa da Moeda e em 1846 o presidente Manuel Bulnes destinou uma área do edifício para residência do presidente e a partir desta data passou a ser a residência oficial dos presidentes.  Depois de conhecer vários prédios interessantes do centro buscamos um lugar para um almoço e o mercado central é a melhor opção para experimentar a tradicional “Centolla”, uma espécie de caranguejo gigante encontrado na região sul do território chileno. Nos dias de hoje, com o nosso real valorizado, o que mais se vê dentro do mercado são turistas brasileiros querendo experimentar pratos típicos da culinária local. Além dos restaurantes, o mercado também serve como ponto de abastecimento de produtos do mar chileno.  

               

                 

           

O prédio do mercado em si já é interessante, também em estilo neoclássico,  foi projetado inicialmente para abrigar exposições de artistas nacionais e só em 1872 se transformou em mercado. Depois da nossa investida na saborosa centolla, continuamos nosso giro por Santiago e desta vez passamos pela “SanHattan”. O termo vem da junção das palavras Santiago e Manhattan, uma alusão ao centro financeiro de Nova York. De fato em SanHattan é predominante a arquitetura moderna, com dezenas de hotéis, cafés e restaurantes sofisticados da cidade.  Vale à pena conhecer esta área moderna e também muito segura de Santiago.

         

Falando em segurança, fomos várias abordados por policiais chilenos, nos dizendo para termos cuidados com nosso artigos pessoais, uma triste realidade para o Chile que sempre foi um país exemplar em termos de segurança. Atualmente os tempos são outros, há muitos trombadinhas pelas ruas e ao menor descuido você pode ficar sem carteira ou câmera fotográfica. Pelo menos a instituição Polícia ainda é uma das mais rígidas e honestas da América do Sul e oferecer suborno para um guarda na estrada pode te levar a prisão. Com todas estes avisos, após nosso passeio voltamos ao nosso motorhome e buscamos um lugar seguro para passar a noite. A escolha foi, mais uma vez um posto da rede COPEC, assim tivemos uma noite segura.  No dia seguinte, deixamos Santiago e seguimos em direção as cidades costeiras do Chile, Valparaíso e Viña Del Mar. Com históricos de roubos de motorhomes em Valparaíso, seguimos para Viña Del Mar, um pouco menor e mais tranqüila. Paramos desta vez em um posto Petrobrás, na avenida beira mar, assim ficamos pertos da praia e de um shopping da cidade.

          

         

O centro de Viña é simpático e acolhedor com praças repletas de jardins muito bem cuidados. Na orla esculturas e monumentos dão mais charmes as calçadas. Em nossa passagem, a natureza nos pregou mais uma peça, uma ressaca deixou o mar, que normalmente é calmo, com ondas de 3 e 4 metros, que invadiram as ruas e fizeram estragos pela cidade. Junto com a ressaca um vento de mais de 100 km/h derrubou árvores e coberturas de casas.  Depois do vulcão já estamos nos acostumando com a força da natureza e o Chile é um país bastante susceptível a ações repentinas e desastres naturais como terremotos e erupções. Depois de alguns dias em Viña, seguimos pelo litoral chileno, conhecendo a pitoresca La Serena e no mesmo dia já partimos em direção a Antofagasta, cruzando o grande deserto ao norte do Chile. A paisagem é completamente árida e sem vida, mas impressiona mesmo assim, pois as montanhas mudam de cor e formato em vários trechos. O que chama atenção na estrada foi ver por toda extensão garrafas plásticas de refrigerantes cheias de urina, que são arremessadas pelos motoristas de caminhão, que para não ter que parar o caminhão, fazem suas necessidades numa garrafa e jogam ao longo da rodovia, ainda bem que não vimos nenhuma garrafa com o número 2 !  É impressionante observar a transição das paisagens, de montanhas verdes para as montanhas secas e arenosas. Nas bordas do litoral os chilenos já contam com dezenas de torres de energia eólica. Apesar das boas estradas em todo território chileno, ainda vimos um grave acidente com um ônibus de turismo.

        

 No caminho ainda paramos para um registro obrigatório neste trecho da Ruta 5, a famosa escultura La Mano Del Desierto, erguida bem no meio da paisagem árida, distante 75 km de Antofagasta. Construída pelo escultor chileno Mario Irarrázabal, a escultura foi montada sobre uma estrutura de concreto armado, com 11 metros de altura e foi inaugurada em março de 1992. Infelizmente, alguns visitantes fizeram pichações na base da escultura, muito triste ver este patrimônio chileno danificado em tão pouco tempo.

           

         

Depois das fotos voltamos para a estrada e chegamos à cidade de Antofagasta, já bem perto do Deserto do Atacama. Há uma série de teorias para explicar a origem do topônimo Antofagasta mas ainda nào há um consenso claro a respeito da verdadeira origem da palavra. Em vários idiomas como Kakán meridional “anto” (ou hattun, que significa grande), “faya” (ou tenha, que significa salgar) e “gasta” (que significa povo), sendo um topônimo que significa “Povo do Salgar Grande”. Em Quechua “anta” (que significa cobre) e “pakai” (que significa esconder), ou seja, “Esconderijo de Cobre“. Outra teoria a relaciona com o chango “Antofagasti”, que significa Porta do Sol. Aproveitamos a passagem por Antofagasta para fazer a revisão dos 20.000 km em nosso veículo e fomos muito bem atendidos pela concessioária FORD local. Estávamos com um vazamento de óleo no eixo traseiro que foi solucionado pelos mecânicos e saímos com o veículo totalmente revisado. 

        

        

        

        

       

       

Antes de deixar a cidade, ainda conhecemos o centro histórico, sua bela praça e fomos até o Monumento Natural La Portada, um acidente geomorfológico de rochas sedimentarias e restos fósseis que conta com uma superfície de 31,27 m2 e que possui uma alcantilado costeiro que atinge uma altura máxima de 52 metros e que rodeia o arco da Portada. Está localizado a aproximadamente 18 km ao norte, pela Rota 1. Atualmente se está planejando uma remodelação no acesso e seus arredores, que ainda permanece confuso e perigoso para se chegar de carro. De qualquer forma, vale bastante a visita a este visual, especialmente no final da tarde, quando os raios solares deixam o lugar ainda mais incrível. Deixamos Antofagasta e seguimos para Calama, nas bordas de San Pedro de Atacama.

Digg This
Reddit This
Stumble Now!
Buzz This
Vote on DZone
Share on Facebook
Bookmark this on Delicious
Kick It on DotNetKicks.com
Shout it
Share on LinkedIn
Bookmark this on Technorati
Post on Twitter
Google Buzz (aka. Google Reader)

Category : Diário de Bordo

Um comentário → “Dos encantos de Santiago a caminho da aridez de Antofagasta”


  1. Delane Rufino

    14 Anos ago

    Parabéns pelas fotos belíssimas e também pela reportagem!!!
    Que Deus abençoe vocês! Abraços.

    Comentar

Comentar

About Us

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetuer adipiscing elit. Praesent aliquam, justo convallis luctus

Read More

Connect

If you like to stay updated with all our latest news please enter your e-mail address here