As maravilhas dos Lagos Chilenos e Vulcão em erupção !

Posted on junho 14, 2011 // 7 Comments

Depois de percorrer a Carretera Austral chegamos à cidade de Puerto Montt, e no caminho, ouvindo as rádios locais uma informação nos deixou apreensivos, vários tremores de terra foram registrados naquela manhã e o vulcão Puyehue estava prestes a entrar em erupção. Guardamos aquela informação e percorremos a avenida da orla, um tipo de reconhecimento antes de pararmos o carro. A cidade é a mais estruturada desta região, com quase 180 mil habitantes conta com aeroporto, porto, shopping e grandes magazines. Depois da nossa inóspita viagem pelos confins chilenos aproveitamos para ir ao cinema e degustar o retorno aos grandes centros urbanos. O que nos impressionou em Puerto Montt foi o alto índice de violência do município. Nas ruas vimos até “outdoors” informando para não andar com artigos de valor, pois havia muitos “antisociales” nas ruas, uma forma menos agressiva de chamar os bandidos no Chile.

       

       

Com todos estes avisos ficamos apenas um período do dia e já seguimos para a cidade de Puerto Varas, apenas 15 km de distância, mas completamente diferente em relação à segurança. A cidade é muito simpática, uma forte influência alemã e a vista do lago com o vulcão Osorno despontando no horizonte é fabulosa.  No dia seguinte, a notícia que ecoava pelas ruas de Puerto Varas era uma só, o vulcão Puyehue havia entrado em erupção. Ficamos assustados, no Brasil não temos vulcões e toda aquela situação era novidades para nós.  No lago da cidade já era possível ver o vulcão soltando muita fumaça no céu e uma coluna gigante de cinzas era expelida para o alto. Como não apreciar aquele espetáculo trágico e ao mesmo tempo fascinante bem à frente dos nossos olhos ? Fomos até a beira do lago e as pessoas já se aglomeravam com máquinas fotográficas e celulares registrando o momento e enviando a notícia para o Chile e para o resto do mundo.

         

        

Depois de fazer várias imagens daquele instante, passei a informação para o Brasil, para vários meios, TVs, rádios e internet, inclusive as imagens registradas foram veiculadas em alguns canais da mídia. O Fantástico da Rede Globo mandou uma equipe para a região que veio ao nosso encontro para uma entrevista e também passamos imagens que foram mostradas no programa. Com o ímpeto de jornalista fui de encontro ao vulcão, chegando bem próximo do fenômeno, dentro do Parque Nacional Puyehue , até sermos parados no bloqueio policial. Na sede do parque pudemos ver uma maquete mostrando toda topografia da região e saber exatamente onde estava localizada a erupção. A situação foi ficando cada vez mais complicada, pois as cinzas do vulcão a esta altura já estava causando um grande estrago na vizinha Argentina e a cidade de Bariloche que se encontra bem perto da área do vulcão, era o local mais afetado.  

                

           

          

Fomos acompanhando a evolução do processo pela mídia chilena e o vulcão gerou um caos mundial, paralisando aeroportos, cancelando centenas de vôos em vários países da América do Sul. Os rios e lagos ao redor do Puyehue já apresentavam pedras pome vindas do vulcão, mas as cinzas até aquele momento não haviam caído nem uma partícula se quer no país, uma grande sorte nossa e dos chilenos também. Permanecemos mais alguns dias e conhemos outras belas cidades da região como Osorno, Frutillar e Llanquihue. Com certeza o charme ficou por conta da pequena Frutillar, com uma forte influência alemã, a cidade revela em suas casas traços da arquitetura germânica. O imponente teatro municipal a beira do lago abriga espetáculos nacionais e internacionais. 

         

                   

O vulcão continuava mais ativo do que nunca, sua última erupção havia sido em 1960 e agora ele voltara com muita força soltando cinzas por vários pontos numa espécie de calda e não só pela cratera principal.  Deixamos a erupção para trás e partimos para a cidade de Pucon, passando antes por Valdivia, famosa pelos lobos marinhos que chegam até a calçada, não se importando com os visitantes e moradores locais. Vale também conhecer o mercado ao lado do rio, você vai conhecer alguns peixes chilenos, frutas e temperos utilizados pelos locais. Ali também os lobos ficam esperando os restos de peixes jogados pelos feirantes. A cidade se resume a este show dos animais marinhos nas ruas. Se você tiver mais tempo pode fazer um passeio de barco pelo rio.onde os visitantes apreciam os lobos marinhos na calçada, coisa rara de se ver. 

         

         

Chegamos em Pucon e o clima era outro, situada aos pés de outro vulcão, o Villa Rica, parece que os moradores não se importam muito com a proximidade e enquanto o vulcão estiver inativo ele é atração para turistas que fazem uma caminhada até o topo, em todas as estações do ano. A base do vulcão durante o inverno recebe milhares de visitantes que vem a procura de emoção nas pistas de esqui de Pucon.  Fomos até a estação de esqui com o nosso motorhome e no final da estrada só veículos 4×4 superavam a neve na estrada. Mais uma vez ficamos felizes com o desempenho da F-4000 na neve e chegamos à estação sem problemas.

        

        

        

       

A idéia era subir o vulcão numa caminhada que dura cerca de 4 horas de ida e 3 de volta mas como o tempo estava virando desistimos da subida. Voltamos à cidade que ainda nos reservava várias surpresas agradáveis.  Conhecemos os Ojos de Cabruga, uma cachoeira incomum que brota de dentro da terra vinda de uma espécie de rio subterrâneo, despencando sobre um lago de águas cristalinas.

         

         

Voltamos à Pucon conhecendo a passarela Quelhue, pena que nosso motorhome não passa, a capacidade e a largura da passarela não permitem veículos grandes e com mais de 2 toneladas. De qualquer forma seguimos a pé vimos de perto esta ponte pencil que por muito tempo foi à única forma de alguns moradores chegarem á cidade. Já em Pucon, procuramos um bom lugar para almoçar e são muitas as opções. Optamos pelo restaurante Fuego Vivo, uma ótima comida com estilo e apresentação dos pratos.  Pucon é uma cidade com cerca de 15 mil habitantes, distante 780 km da capital Santiago, é cercada de atividades de aventura e sua economia é baseada no turismo, portanto reserve no mínimo 5 dias para sua estada. Depois do nosso saboroso almoço, andamos pelos parques da cidade, fomos até a orla do lago e mais a  tarde seguimos para uma terma. 

       

 Com tantos vulcões na região, há mais de 10 termas para escolher mas como estávamos no início do inverno a nossa escolha era por um local que contasse com poços cobertos. Sendo assim a nossa pedida foi certa, a Termas  Huife proporcionou  um delicioso descanso, horas imersos na água quente com direito a massagem e pequenas quedas dentro das piscinas. Saímos revigorados do banho térmico e de volta a Pucon, paramos o motorhome no mesmo lugar, um estacionamento bem central em frente ao supermercado na Avenida O’Higgins, um lugar tranqüilo com direito a energia por cerca de 20 reais por noite.

       

      

Se você estiver de motorhome este é o lugar para passar a noite, não há nenhum perigo. Foi lá que encontramos nossos novos e simpáticos amigos, a brasileira Fernanda e sua filha Ana Clara, muito articulada e interessada em conhecer novas culturas,  e seu marido francês Jean, um legítimo aventureiro com muitas expedições no currículo. Eles viajam num grande motorhome verde, pronto para qualquer estrada. Trocamos algumas informaçòes sobre locais visitados e depois nos despedimos, pois eles seguiriam no caminho inverso ao nosso, para o sul do Chile. Depois de dias repletos de atividades, seguimos direto para Santiago, a capital chilena, e com toda nossa ansiedade de estar em Santiago vinha também o nosso receio de estar numa cidade grande, o que é sempre complicado para motorhomes e cercado de perigo. Enfim, chegamos à capital, hora de conhecer e curtir a cidade.  

Category : Diário de Bordo