Torres del Paine, onde a Patagônia é mais bonita !
O dia amanheceu claro, aproveitamos o bom tempo para seguir em direção a um dos melhores e mais espetaculares destinos de toda Patagônia, o Parque Nacional Torres del Paine. Partindo de Puerto Natales, há vários caminhos para se chegar à reserva, mas o melhor deles é seguir para Cerro Castillo. Até lá é tudo asfalto e depois segue uma estrada de rípio de 60 km que acabou de ser construída, portanto, está em ótimas condições. Desta forma, você irá andar menos no rípio e nas outras opções as estradas estão esburacadas e mal conservadas.
Por este caminho entramos na portaria Sarmiento que vai bordeando a belíssima paisagem do Lago Sarmiento à sua esquerda com vários grupos de guanacos perambulando pela vegetação e cruzando a estrada. Estes animais são imprevisíveis, portanto é necessário muita cautela quando eles estão por perto, a qualquer momento podem cruzar a pista sem qualquer sinal.
Na portaria fomos bem recebidos pelo guarda-parque, um sujeito simpático e educado que trabalha no posto em sistema 7 por 7, ou seja, trabalha 7 dias e depois folga 7. O guarda era amante da fotografia e trocamos algumas informações sobre locais e horários para as melhores imagens. Com a larga experiência de quem está naquela função por mais de 15 anos ele me disse: “hoje vai nevar”. Como era final de tarde, o frio já era intenso e a temperatura naquele momento chegara aos 3 graus, olhei para o céu e nuvens de chuva já rondavam a região. Pagamos o ingresso e entramos no parque seguindo para o posto de controle localizado perto do Salto Grande. Depois de 20 minutos na estrada, escureceu rapidamente e fomos surpreendidos por uma forte nevasca naquelas estradas estreitas, cheias de pedra e beirando precipícios. Quase não víamos a estrada, ficamos apreensivos, desci do carro para acionar o 4×4 do motorhome e constatei que a estrada já estava escorregadia. O cenário ficou branco e escuro, a neve caía incessantemente prejudicando a visão e sem conhecer o caminho tivemos que andar com muito cuidado. A Letícia ficou muda, não queria prosseguir, mas naquela altura voltar também não seria mais prudente. Continuamos pela estrada completamente coberta de neve e aos poucos a nevasca foi diminuindo e chegamos ao nosso destino.
Procuramos um lugar mais abrigado para estacionar nosso veículo, pois sabíamos que o vento sopra intensamente nesta região e dormir com o carro balançando de um lado para o outro não é uma tarefa fácil. Durante a noite, a temperatura chegou aos 4 graus negativos e sobrevivemos com a nossa manta térmica ligada nas baterias solares. Ao amanhecer, já é possível perceber porque Torres del Paine é considerado por muitos aventureiros como o destino mais incrível de toda Patagônia, chilena e argentina. Estávamos de frente para o Lago Pehoé, de cor verde esmeralda com as torres de um lado, montanhas nevadas do outro e o Salto Grande no centro, como descrever esta maravilha, palavras não são o bastante, é preciso estar aqui. Seguimos de carro até o salto, estacionamos e seguimos por uma pequena trilha até estar de cara para a queda. O sol brincava com a gente, como queria registrar a cachoeira com o sol refletindo nas suas águas fiquei um tempo ali esperando.
Valeu à pena, aos poucos todo cenário foi ficando claro e iluminado pelo sol, a transparência das águas, o arco-íris formado com spray que soprava para o alto, uma verdadeira pintura de se ver. Na outra direção as montanhas iam mudando de cor à medida que o sol subia e as nuvens navegavam sobre os picos abrindo e fechando os cumes.
É inexplicável a sensação de ver a natureza em constante mutação, proporcionando imagens deslumbrantes e inesquecíveis. Depois de 2 horas ao lado na área do salto, partimos para conhecer outros locais do parque e nosso próximo destino era ver as torres de perto, aproveitando as poucas horas de sol e luz durante os dias de inverno. Seguimos pelas estradas e aos poucos as grandes formações de granito já estão à nossa frente. Nosso motorhome diante do grande maciço parece um brinquedo, fizemos um bom registro da sua passagem pelas torres. Uma delas tem uma espécie de espiral em sua ponta e com a queda da neve na noite anterior parecia um doce com um suspiro em cima. Todo o maciço do Paine, ao contrário do que muitos pensam, não pertence à cadeia montanhosa dos Andes, é uma formação independente que se formou há mais de 12 milhões de anos, quando o magma penetrou na ruptura da falha de Magalhães. Com o passar do tempo, as rochas sedimentares foram empurrando as rochas de granito para cima dando origem ao maciço.
Depois de admirarmos a formação que dá nome ao parque fomos para Laguna Azul, na região nordeste da unidade. O parque foi criado em 1959 abrange uma área de 227.298 hectares e em 1978 foi declarado Reserva da Biosfera pela UNESCO. Continuamos nossa investida ao parque e pelo caminho vamos nos surpreendendo a cada quilômetro, a variação de paisagens é fascinante, passamos por um lago com tons azuis e na sua borda uma vegetação dourada, mais uma pintura do lugar. Os guanacos estão em todas as áreas e no frio eles percorrem as áreas em bandos maiores para aumentar o calor na hora de dormir. Também é possível avistar coelhos e raposas pelo caminho.
Como estamos quase no início do inverno, vários pontos do parque passam boa parte do dia na sombra, assim a neve que cai não se derrete, por isso acionamos a tração do motorhome para percorrer alguns trechos. O caminho até a laguna continua repleto de belas paisagens e também vamos observando a boa estrutura do parque para receber visitantes e oferecer atividades organizadas. Em algumas áreas é possível alugar cavalos e fazer uma bela cavalgada pelo parque.
Em outros locais, dezenas de trilhas para serem percorridas a pé. Na verdade trilhas não faltam, são mais 200 km de “senderos” (trilhas) distribuídos em várias áreas. O parque é um exemplo de organização e estrutura. Nesta época, baixa estação para os chilenos, são 30 funcionários, porém, no verão este número passa para 100 funcionários. Voltando a estrada, continuamos bordeando o Rio Paine, de águas claras, quedas de diferentes formas e a mais incrível delas, a cascata Paine, com cortes na rocha em forma de ondas e uma extensa queda d’água. Seguimos até a Laguna e retornamos para o outro lado do parque. Como já era tarde, seguimos em busca de um lugar seguro e longe do vento para estacionar o motorhome e dormir.
Depois de duas tentativas em locais não protegidos, paramos finalmente no estacionamento hotel do lago Grey. Como no dia seguinte visitaríamos o Glaciar Grey, já estávamos no local para conhecer o lago e o glaciar. A noite foi tranqüila, apesar do frio de 3 graus negativos, longe do vento estávamos mais seguros. Pela manhã, nos dirigimos para o último posto de guarda-parque antes do início da caminhada rumo ao mirante do glaciar. Na baixa temporada, o passeio de barco pelo lago não é freqüente e assim fomos caminhando por toda extensão da praia de pedras roliças até um monte onde existe uma trilha de 15 minutos até o mirante do glaciar. Antes da trilha ainda admiramos os blocos de gelo no final do lago, que iam se derretendo aos poucos. Pegamos alguns pedaços com as mãos, pareciam cristais por sua transparência e brilho. Experimentamos aquela água puríssima do gelo de alguns milhões de anos e seguimos pela trilha. Já no mirante, contemplamos a paisagem de montanhas, com o glaciar Grey ao fundo e blocos gigantes de gelo azul celeste desprendidos do glaciar, navegando pelo lago. Deixamos o lago e aproveitamos a localização para almoçar no restaurante do hotel, um almoço delicioso com vista para o Glaciar Grey.
Na volta do lago, paramos no centro de visitantes do parque para pegar mapas e folders e conversar com funcionários da administração. A cada parque que visitamos percebemos a grande diferença que existe entre os parques brasileiros e os chilenos, que vão desde a sinalização, estrutura e a forma de condução das atividades no interior da unidade. Voltamos para estrada, sempre panorâmica e com cenários fantásticos. Circundar o Lago Pehoé de carro, suas águas verdes e a pousada com a passarela de madeira ao lado e as torres em frente é uma das mais belas vistas do parque.
Paramos no mirante das torres e fizemos uma boa pasta italiana dentro do motorhome, um almoço aos pés das montanhas, com o maciço Paine emoldurado em nossa janela, um momento raro e inesquecível em nossa travessia. Depois destes dias incríveis registrando as paisagens majestosas do Parque Nacional Torres del Paine, seguimos para a cidade de El Calafate, agora de volta a Argentina, onde está outro grande destino de nossa viagem, o Parque Nacional Los Glaciares.
Category : Diário de Bordo
Monica
14 Anos ago
Edu parabéns pelas fotos exibidas ontem no Fantástico se acontinuar assim vai ficar famoso.
bjs
Monica
Laura Helena Horstmann
14 Anos ago
Maravilhoso…as paisagens incríveis….adorei!
Marcia Perrenoud
14 Anos ago
Linduuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu!!!!
Levi
14 Anos ago
Fala Edu blz? po fotos em horário nobre e no fantástico… ta fraco não hein….
ficaram show as fotos !
Parabéns.
Flw
eduardo
14 Anos ago
As fotos estão sendo mostradas em vários locais da mídia, sites ,TVs e revistas, isso é muito bom para a divulgação do nosso projeto e do trabalho fotográfico. Abraços
Juliana ( TilT )
14 Anos ago
Oláaaaaaaaaa
Nossa Edu, que imagens lindas vcs estão fazendo….esse do bloco gelo azul ai eh maravilhoso !!
Leticia cuidado aiiii um bloco de gelo voando pra sua cabeça e vc sorrindo? huauhauhauahua (brincadeira)
Espero que estejam curtindo ao máximo cada km rodado.
Sdds de voces
Abçs
Ju e Tilt
eduardo
14 Anos ago
É verdade Ju, estes blocos se desprendem das paredes do glaciar e dão um show a parte navegando pelos lagos ! O interessante é que quando chegam a margem estão completamente transparente.
Mracelo MARMITA
14 Anos ago
Ola Comandante essas fotos com a viatura nova estão um show!!!!!!!! na real a Viatura se integra com a paisagem estão demais !!!!! Bom final de semana e Bom Passeio por ai !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
eduardo
14 Anos ago
Beleza Marcelo, os lugares ajudam bastante, as paisagens são deslumbrantes e tentamos sempre pegar os melhores horários para as fotografias. As fotos com o motorhome sempre são trabalhosas, pois as estradas são estreitas e um fica enquanto o outro vai dirigindo. depois da foto sai correndo atrás do carro………..rs
ANDREA
14 Anos ago
Edu,
Parabéns pelo seu trabalho, adorei as fotos.
Abraços.
Nadja Sampaio
14 Anos ago
Oi, Edu,
Lindas fotos!! que lugares deslumbrantes! Imagino o frio que vocês estão pegando… mas, comer uma macarronada olhando as torres da janela não tem preço…
Parabéns, a viagem está sendo espetacular!
beijos
Nadja
eduardo
14 Anos ago
Oi Nadja, os lugares são incríveis e isso facilita a confecção de boas imagens. Agora comer vendo as torres ao fundo não é uma coisa que não fazemos todo dia………….rs
Valeu pelas palavras, Abraços
Marcos Machado
14 Anos ago
Parabéns casal Issa. Essas fotos me lembras as paisagens do filme Senhor dos Anéis.
eduardo
14 Anos ago
É verdade Marcos, as paisagens são espetaculares, estamos passando por lugares impressionantes e estar compartilhando com os amantes de aventuras.
Ficamos contentes que estão curitndo as imagens.
Jose Oliverio
14 Anos ago
Imagens alucinantes, sigam na Paz dos Mestres.
João Leopold
13 Anos ago
Maravilhoso!
Delane Rufino
12 Anos ago
Patagônia Argentina – reportagem de hoje (23/08/2013) no Globo Repórter (Rede Globo – Brasil)