Península Valdés, porta da Patagônia.

Depois da passagem por Buenos Aires seguimos direto para Bahia Blanca, uma cidade portuária com um comércio forte e vários serviços disponíveis. Se você estiver descendo para o sul da Argentina de motorhome e tiver algum problema ou equipamento para conserto esta é a hora, pois abaixo as oficinas ficam cada vez menos estruturadas. Durante a nossa breve passagem por Bahia Blanca, foram 2 dias de muita chuva, mas que pudemos aproveitar os benefícios de uma cidade relativamente grande, considerando que as cidades da região normalmente não passam de 10 mil habitantes. Fomos ao shopping, onde podíamos conectar a internet rápida gratuitamente, atualizamos nossos boletins e respondemos muitas mensagens recebidas através do site. Aproveitamos também para ir ao cinema, assistir um filme em castelhano o que é uma boa aula. Deixamos a Bahia Blanca e seguimos rumo a Puerto Madryn, agora sim, realmente sentimos que estávamos na Patagônia Argentina. A cidade que no passado vivia da exploração do sal e da agricultura passou a ter o turismo como sua maior fonte de renda. As ruas do centro que até pouco tempo eram de terra estão todas asfaltadas e a orla foi revitalizada e agora conta com restaurantes, cafés e muitas agências de turismo. 

               

Se você estiver passando por Puerto Madryn entre junho e dezembro vai ter a chance de ver a baleia franca – austral bem de perto. Nesta época elas estão na região com seus filhotes e chegam bem perto da costa. As pessoas conseguem observar as baleias até da praia do centro. De qualquer forma, com estávamos no mês de maio, não tínhamos chance de ver e o nosso objetivo era mesmo explorar a Península Valdés. Almoçamos num restaurante a beira-mar, onde há várias opções para comer, especialmente frutos do mar. Pegamos algumas informações úteis no centro de informações e seguimos para a península. Passamos pela portaria, pagamos o ingresso que nos daria direito a percorrer a península por vários dias. Conhecemos o centro de visitantes, por sinal mais um grande exemplo para nós brasileiros, onde nossos parques na grande maioria não contam às vezes nem com portaria.

            

            

Subimos numa torre para observar a topografia da península e seguimos direto para Puerto Pirâmide. Como estávamos numa espécie de platô, depois de uma curva já avistamos a pequena vila de pescadores, são apenas 60 pessoas vivendo ali fora de temporada.  Nosso motorhome passa pela rua principal e os poucos moradores que estavam na rua acompanham nossa passagem. Como sempre já vou buscando um local seguro e tranqüilo para estacionar o veículo considerando que o camping municipal já estava fechado neste período do ano.  Logo percebemos toda a tranqüilidade de Puerto Pirâmide, bem diferente dos grandes centros urbanos.

             

Depois do reconhecimento, seguimos para o nosso primeiro destino, a Punta Pirâmide. Na minha última passagem pela Península Valdés, acontecida em 1992, tudo era diferente, não havia estrutura para visitantes como escadas, plataformas de madeira e sanitários. Por outro lado podíamos chegar bem perto dos animais e não havia tanto controle.  Depois de apenas 5 km chegamos a Punta Pirâmide e uma grande escada nos esperava. Fomos logo descendo e aos poucos um rochedo arenoso desponta  contrastando com o oceano em tom de azul escuro. Nas areias da pequena praia formada, dezenas de lobos marinhos, leões marinhos, machos e fêmeas com filhotes e vários grunhidos ecoando no ar. Um mergulho aqui, outro acolá, alguns machos disputando fêmeas e território, estava ali instalada uma colônia destes animais marinhos.

                            

              

              

Ficamos ali até o pôr-do-sol e aos poucos o paredão que era em tons claros  foi se tornando cada vez mais forte com a incidência dos raios solares. As imagens ficavam espetaculares a cada minuto, uma perfeita composição para nossas lentes de foto e de vídeo. Acompanhamos até o último segundo antes do sol se desmanchar no horizonte por completo e voltamos para a vila de pescadores. Dormimos e no dia seguinte já sentimos os efeitos da estação, o sol nasce a partir das 8 e meia da manhã. Pegamos a estrada e seguimos para a Punta Norte, cerca de 90 km distante de Puerto Pirâmide. A Península Valdés é bem extensa, são 400 km de litoral e uma área de 3.600 quilômetros quadrados. Percorrer as estradas de rípio ainda nos sentimos um pouco exploradores, pois nesta época é difícil cruzar com visitantes. De qualquer forma pelas estradas é fácil observar vários bichos da fauna patagônica como os guanacos, uma espécie de lhama, o zorro gris (raposa), emas e também os bichos exóticos como a ovelha e o coelho que não são da região. 

               

O tatu peba também costuma cruzar as estradas, é bom sempre estar atento e dirigir em baixas velocidades, pois no rípio qualquer descuido o carro derrapa e não volta mais para pista.

              

                             

Em Punta Norte é possível ver, de dezembro a março, as baleias da espécie orca que rondam a Punta Norte para se alimentarem. A realidade é cruel, mas no cardápio estão filhotes de lobos marinhos que permanecem dentro d’água distraídos. No tempo que estivemos ali me lembrei das imagens impressionantes da National Geographic quando as orcas se contorcem nas margens da praia em Punta Norte agarrando os indefesos filhotes com a boca e arremessando para o alto deixando-os atordoados. Como já estávamos em abril nossas chances de observar o grande mamífero marinho eram remotas. Conversando com o guarda-parque de Punta Norte ele nos disse que no dia anterior uma orca havia passado por lá, mas distante da costa.  Continuamos nosso reconhecimento da península e seguimos para Punta Delgada, no outro extremo, passando pelas áreas intangíveis da Caleta Valdés e Punta Cantor.  Nas estradas deste trecho há um pouco de exagero, pois o visitante não pode nem se quer descer do carro para tirar uma fotografia, sendo que a estrada é utilizada por fazendeiros e moradores e o impacto é o mesmo. No litoral destas áreas estão colônias de elefantes marinhos, uma espécie de foca que após os 3 anos de vida já exibem uma pequena tromba. 

              

            

Fomos registrando todos os locais e ficamos impressionados com toda a preservação da Península, considerando que após vinte anos as paisagens continuam praticamente intactas. As espécies que freqüentam Valdés permanecem fiéis ao lugar, reflexo de um trabalho bem feito da Província de Chubut  e também dos guarda-parques da instituição. Deixamos a Península Valdés felizes por ver muita fauna e paisagens espetaculares e tudo muito bem documentado em nossa travessia.

Seguimos para Rio Gallegos.

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Category : Diário de Bordo

4 Comentários → “Península Valdés, porta da Patagônia.”


  1. Isabel

    14 Anos ago

    Estou aqui, com saudades, acompanhando na medida do possível..bjus para os dois…Que DEUS proteja vcs……

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  2. José Maria de Lima Barbosa

    14 Anos ago

    Oro a Deus para que a viagem de vocês continue abençoada. Tudo dará certo! Morro de inveja – no bom sentido – desejo um dia, após ganhar na mega-sena, realizar algo assim. Por enquanto vou baixando algumas imagens da viagem lindíssima que vocês estão fazendo. Fiquem com Deus, pois Ele tem solução para tudo. Abraços.

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  3. José Maria de Lima Barbosa

    14 Anos ago

    Os lugares são fantásticos; as fotos, belíssimas! Parabéns.

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  4. Delane Rufino

    12 Anos ago

    Patagônia Argentina – reportagem de hoje (23/08/2013) no Globo Repórter, Rede Globo – Brasil.

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